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                                                                                  ANEMIA NA MULHER

 

A mulher pode apresentar diversos tipos de anemia, tanto de causa conhecida como desconhecida. Queremos, no entanto, considerar, somente, a anemia que decorre da perda sangüínea excessiva durante a menstruação (menorragia ou hipermenorréia).

Antes de tudo é importante salientar que ao surgir anemia, em qualquer caso, a paciente deve ser examinada por um médico para que o tipo e a causa da anemia possam ser determinados. Somente depois das avaliações, clínica e laboratorial, o tratamento poderá ser ministrado.
No caso específico da mulher com menorragia, o ginecologista deve ser consultado para diagnosticar a causa do distúrbio e orientar o tratamento.

Como estamos fazendo referência, apenas, à anemia decorrente da menorragia, a etapa seguinte, ou concomitante ao tratamento da menorragia, consiste no tratamento da anemia.

 

A finalidade desse tópico é, apenas, fornecer esclarecimentos a respeito da anemia, decorrente da menorragia, para dissipar idéias erradas sobre esse assunto.
Dividiremos esse assunto em dois itens:

1- Esclarecimentos sobre menorragia 

2- Esclarecimentos sobre anemia secundária à menorragia.

 

1- Esclarecimentos sobre menorragia.

Vamos começar falando da menstruação normal. A perda sangüínea normal do período menstrual é em média de 4 dias (de 2 a 6 dias) e a quantidade de sangue perdido é, em média, de 30 a 40 ml.Cerca de 90% das mulheres perdem menos de 80 ml de sangue em um período menstrual. Cada período de perda sangüínea, que tem duração média de 28 dias (mais ou menos 3 dias), corresponde ao início do ciclo menstrual.

 

Desse modo, consideraremos como perda sangüínea aumentada quando observarmos: perdas sangüíneas freqüentes (períodos menstruais muito curtos), maior duração do período de perda sangüínea, ou maior quantidade de sangue perdido (considera-se menorragia quando a perda sangüínea for superior a 80 ml).

 

Como podemos notar, dos três itens citados, o último é de difícil avaliação. Como a mulher pode ter idéia da quantidade de sangue perdido na fase menstrual? 

Para tal, é importante saber que o sangue eliminado na menstruação não tem o aspecto do sangue que corre nos nossos vasos sangüíneos, ou seja, não tem a cor vermelha rutilante.

A razão para isso é muito simples. O material eliminado na menstruação não é, simplesmente, sangue puro.

O sangue dentro dos vasos da mucosa uterina (camada que reveste a parte interna do útero), sofre o processo de coagulação (transformação do estado líquido em sólido). O material que é expelido na menstruação é o resultado da lise (liquefação do coágulo por enzimas) e de células, desintegradas, provenientes da mucosa uterina. Desse modo, o líquido eliminado durante o período menstrual é escuro e completamente diferente da cor do sangue que flui em nossos vasos sangüíneos.

 

Com o exposto, já podemos contar com um dado importante - quando estiver presente sangue vermelho rutilante no material eliminado na fase menstrual, já há perda sangüínea. Quanto maior a quantidade de sangue, maior a perda de glóbulos vermelhos e, conseqüentemente, de ferro neles contido.

E mais, quando há coágulos sangüíneos, maior razão existirá para pensarmos em perda de sangue abundante.

Outro dado de valor para avaliarmos a quantidade de sangue perdido é pelo número de absorventes embebidos com sangue. Maior quantidade de absorventes embebidos, maior a quantidade de sangue perdido.

Outro meio usado pelas pacientes para avaliação é a comparação da quantidade de sangue expelido, em alguns períodos, com a quantidade de outros períodos.

Que valor tem essa avaliação para explicar a anemia? A resposta é - quanto maior a perda de sangue, maior a perda de ferro. Bem, isso será visto no item seguinte.

 

2- Esclarecimentos sobre anemia secundária à menorragia. 

A anemia presente na mulher com menorragia é do tipo ferropriva, ou seja, anemia por deficiência de ferro. Isso se verifica porque, com a eliminação de grande quantidade de sangue no período menstrual, muito ferro, pertencente aos glóbulos vermelhos, também é perdido.

 

O depósito de ferro no homem é de 600 a 1000 mg e na mulher não ultrapassa 300 mg. Se a perda de ferro menstrual suplantar a ingestão de ferro alimentar (ver mais adiante), a reserva vai diminuindo cada vez mais.

Quando o ferro da reserva for reduzido a zero, surgirá a anemia, já que essa substância é imprescindível para a fabricação de glóbulos vermelhos.

Fica fácil deduzir, do exposto, que a base do tratamento está na normalização da menstruação (com a conseqüente redução da perda de ferro) por meio de medicamentos prescritos pelo ginecologista, e na administração de ferro medicamentoso para a reposição dessa substância. Em 2 meses de tratamento com ferro oral, quando a menstruação está normalizada, a anemia desaparece.

 

Entretanto, a ingestão de ferro medicamentoso deverá prosseguir por mais 4 meses, para que haja reposição da reserva do ferro no organismo.

É importante ressaltar que não há o menor sentido em tentar corrigir uma anemia, por deficiência de ferro, às custas de alimentos ricos desse metal.

A razão para isso é que não conseguiremos, por esse processo, ministrar a quantidade de ferro necessária para esse fim.

 

Mais adiante falaremos dos alimentos que contêm ferro.

O medicamento, contendo ferro, escolhido para o tratamento, será administrado por via oral. É importante saber que as reações ao ferro são muito freqüentes. As mais comuns são: diarréia ou prisão de ventre, asia, dor abdominal, distensão abdominal, náuseas e vômitos.

Caso isso aconteça, o medicamento deverá ser diminuído. Mesmo assim, algumas pacientes apresentam reações, até com pequenas quantidades do medicamento, e algumas ficam impossibilitados de continuar o tratamento por via oral.

Nesse último caso, o médico poderá partir para o tratamento com ferro injetável, no músculo ou na veia.

Ressaltamos que a administração do ferro na veia ou no músculo, deve ser feita, somente, sob supervisão médica.

Depois de corrigida a anemia, caso a paciente volte a apresentar nova anemia, não significará falência do tratamento, e sim o surgimento de nova anemia devido à volta da menorragia, ou a uma outra causa de perda sangüínea.

 

Administração de ferro pela alimentação.

Para as pessoas sem anemia, a manutenção dos níveis normais de ferro no organismo, através da alimentação, não é tarefa difícil.

Os indivíduos que se alimentam de carne são mais favorecidos no aproveitamento do ferro do que os vegetarianos.

O ferro contido nas carnes apresenta-se numa forma, diferente daquela contida nos vegetais, o que facilita a sua absorção.

As dietas ricas em vegetais e grãos, sem carne, dificultam a absorção do ferro devido à ação de fosfatos e fitatos contidos nelas. Os fosfatos e fitatos ligam-se ao ferro e prejudicam a sua absorção.

 

É importante assinalar que os chás, ingeridos juntamente com os alimentos, prejudicam a absorção do ferro. Por outro lado, a vitamina C presente nas frutas cítricas facilita a absorção desse metal.

 

Desse modo, o alimento ideal para fornecer ferro suficiente deverá conter carne, vermelha ou branca, e vegetais. A quantidade de ferro ingerida com esses alimentos será de, aproximadamente, 10 a 20 mg por dia. Como apenas 10% do ferro alimentar é absorvido, o organismo aproveitará, apenas, 1 a 2 mg desse metal. Essa quantidade de ferro é suficiente para manter o número de glóbulos vermelhos em níveis normais, em pessoas que não apresentem perda de ferro excessiva, entretanto, como dissemos anteriormente, é insuficiente para tratar a anemia.

É fácil concluir que na hipermenorréia essa quantidade será insuficiente para tal finalidade.

 

                                                                                     

 

 

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